Ministério da Educação
Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares
Centro de Formação Continuada de Professores
Secretaria de Educação do Distrito Federal
Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação
Curso de Especialização em Gestão Escolar
Disciplina: Oficinas Tecnológicas
A INTERNET NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
LEILA GUIMARÃES DE ABREU
Professor Tutor: Edvaldo Alves de Souza
1. INTRODUÇÃO
Muito se debate, diante dos altos índices de reprovação nas escolas públicas brasileiras, sobre alternativas para a melhoria no processo de ensino e aprendizagem. A taxa de retenção no ensino médio, por exemplo, é a maior desde 1999 (GUERREIRO, 2013). Mudanças na forma de organizar e administrar a escola; na infraestrutura institucional; nos métodos pedagógicos adotados; nas formas e sistemas de avaliação; no currículo; e na capacitação de professores e gestores são algumas das abordagens feitas com essa finalidade.
Porém, nos últimos anos, o debate sobre a conexão entre a escola e a vida atual dos jovens tem ganhado cada vez mais força entre os educadores. A reprovação estaria ligada ao desinteresse dos alunos? Este desinteresse estaria ligado a uma escola pouco atrativa, ultrapassada, ausente dos projetos de vida dessa juventude? A prevalência da leitura informatizada sobre a impressa leva hoje os alunos a não entenderem o que lêem? Afinal, os avanços tecnológicos que revolucionaram o mundo, acelerando a velocidade de comunicação, auxiliam ou não os alunos no processo de ensino e aprendizagem?
Muitas são as perguntas, dúvidas e especulações. Mas o fato, é que alguns professores rejeitam o uso de algumas tecnologias na educação, como a internet, responsabilizando-a pela alienação dos alunos, mesmo considerando que o Brasil ainda esteja numa fase inicial e recente de investimento governamental para modernizar as escolas públicas, com a implantação de tecnologias mais avançadas.
Tais professores alegam que, em comunidades em que não há o hábito de leitura, o entretenimento que a Internet oferece prejudica o desempenho do ensino-aprendizagem da mesma. Segundo pesquisa realizada por Barreto (2010), eles consideram que
“Nem sempre os alunos utilizam a Internet para leituras, mas apenas para transcrição de textos. Mediante qualquer atividade escolar, os alunos nem procuram pesquisar, fazer leituras diversas, mas sim, recorrem a trabalhos prontos publicados na Web.”
Este trabalho pretende demonstrar que a internet como instrumento de recurso para construção do conhecimento, quando devidamente orientado pelo professor, pode interferir para a melhoria no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
A internet pode auxiliar no redimensionamento do ensino e aumentar o interesse dos jovens pelo estudo. No entanto, muitos alunos a utilizam para apenas copiar pesquisas, sem as ler, e não para pesquisar. Como utilizá-la para melhoria no processo de ensino e aprendizagem?
O processo de ensino-aprendizagem tem sido analisado sob vários enfoques, em teorias pedagógicas com abordagens do tipo tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista ou sociocultural. Uma vez que a educação não pode ser analisada fora de seu contexto histórico, considero que tais teorias ainda não conseguem desvendar todos os aspectos implicados no fenômeno educativo em suas diferentes situações. Como a escola ainda é o local para a realização desse processo, deveria usar todos os meios possíveis para atingir essa finalidade, sejam meios materiais, humanos ou tecnológicos (SOARES, 2002).
Diante da constatação de que o mundo moderno foi revolucionado pelos avanços tecnológicos, a escola também precisa acompanhar e se integrar nesse fenômeno, sob risco de não conseguir cumprir seu papel educativo. A principal mudança ocorrida se deu em relação à integração da tecnologia à ciência e à produção, barateando custos e transformando hábitos de consumo. A eletricidade, a eletrônica, a automação, promoveram o desenvolvimento da tecnologia da informação. A expansão da tecnologia de processamento de dados acelerou a velocidade da comunicação, facilitando o acesso à informação e a dados e, portanto, facilitando a construção do conhecimento (VIEIRA, 2004).
Como falar em sala de aula, atualmente, em terapia genética, transgênicos, biotecnologia, microeletrônica, telecomunicações, sem permitir aos alunos construírem seus conhecimentos com pesquisas? Como facilitar essas pesquisas? Por que não despertar e estimular a curiosidade científica do aluno com informações em tempo real? Sem dúvida, a internet é um meio de suma valia para contribuir nesse processo. Dessa forma, as escolas terão que se adaptar a esse novo contexto, capacitando seus componentes no uso de tecnologias de informação e comunicação em educação, especialmente no uso da internet.
4. OBJETIVOS:
4.1. – Geral
Analisar o uso da internet como recurso para melhoria do processo de ensino, aprendizagem e construção do conhecimento.
4.2. – Específicos
· Identificar as facilidades que a internet proporciona no processo educativo;
· Reconhecer o uso da internet como ferramenta de pesquisa e produção de conhecimento dos alunos;
· Avaliar a contribuição da internet para uma relação entre o ensino escolar e a vida do aluno.
Segundo Vesce (2013), a internet é a mídia que mais vem se expandindo desde o surgimento da televisão, e tem sido usada na educação, tanto como apoio no ensino presencial quanto no ensino a distância, refletindo diretamente na qualidade do ensino. Além de oferecer muita informação disponível e acessível em qualquer parte do mundo, a internet tem ferramentas como correio eletrônico, sites de busca, fóruns de discussão, gerenciadores de conteúdo, bibliotecas virtuais, blogs, chats, etc.
Caberá ao professor, desenvolver o senso crítico de seus alunos, através de alerta sobre a confiabilidade das informações e qualidade de alguns sites da internet, enquanto fontes de pesquisa, uma vez que existem várias opiniões sobre um tema e até informações falsas ou imprecisas. Para isso, o educador orientará sobre a necessidade de filtrar informações, verificar a autoria, a que instituição está vinculada e o contexto cultural a qual pertence.
Alguns professores têm razão quando afirmam que existe uma tendência dos alunos a dedicarem um tempo menor para a análise dos conteúdos e interpretação da pesquisa, ocorrida pela compulsão por navegar e descobrir outras páginas. Mas a livre navegação, que leva a um entretenimento e não à pesquisa, pode ser contornada, se o professor evitar que os alunos sejam dispersos enquanto realizam suas pesquisas.
De forma alguma, essa dificuldade em gerenciar na internet um grande número de informações com qualidade pode anular os benefícios que esse instrumento pode trazer na construção do conhecimento, pois a possibilidade dos alunos participarem de ambientes virtuais de aprendizagem pode também estimulá-los a aprender quando não estão em sala de aula.
Para Moram (2013), a internet integra a realidade cotidiana, levando à reflexão sobre ela e permite trazer os conteúdos de forma mais ágil, devolvendo-os de novo ao dia-a-dia, possibilitando a interação entre alunos, colegas e professores. Numa educação tradicional que privilegia o autoritarismo, a imposição, e o controle, sem interação e confiança entre professores e alunos a tecnologia pouco contribuirá. Para o autor, a internet, e não só ela é um grande apoio para um projeto político pedagógico que focalize uma aprendizagem ligada à vida:
"A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, da troca, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais "
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale destacar que, por ser um instrumento de apoio, a internet por si só não melhora a qualidade de ensino, a não ser que seja usada numa visão educacional colaborativa. Ou seja, reduzir o desinteresse dos alunos e elevar a qualidade de ensino não são objetivos apenas ligados à tecnologia, mas à forma cultural de como ocorre o processo pedagógico.
Porém, a inserção da tecnologia de informação e comunicação na prática escolar, liderada pelo gestor, pode oferecer melhores condições para se criar uma nova cultura de trabalho em equipe e concepção de projeto político pedagógico, propiciando uma construção coletiva de participação e construção de conhecimento e aprendizagem, adaptado à realidade específica do contexto de cada escola, através de ambientes virtuais.
Na medida em que se tornar universal, nas escolas públicas, uma infraestrutura que permita a presença de computadores, internet ágil e um corpo de professores capacitado para o uso da internet na educação, as dificuldades encontradas por alguns professores serão mais fáceis de serem superadas.
BARRETO, Evanice Ramos Lima. A influência da Internet no processo ensino-aprendizagem da leitura e da escrita. Revista Espaço Acadêmico. N 106. Ano XIX. Maringá/PR: Universidade Estadual de Maringá - UEM. mar 2010.
GUERREIRO, Carmem. Ensino médio reprovado. In: Políticas públicas.. Escola pública. 33 ed. São Paulo: Segmento. abr 2013.
MORAN, J. M. Internet na educação. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/entrev.htm>. Acesso em: jul 2013.
SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160, 2002. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: mai 2008.
VESCE, G. E. P. A internet na educação. Disponível em: <http://www.infoescola.com/pedagogia/internet-na-educacao/>. Acesso em: jul 2013
VIEIRA, Alexandre Thomaz. Funções e papéis da tecnologia. São Paulo: PUC-SP. 2004.
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